15 de dez. de 2009

:: me=morar ou memórias de uma ferrovia, por Esacheu Nascimento

No Blog do Esacheu, a percepção dele sobre o me=morar, clique aqui para ler inteiro. Aí vai um trecho que achei legal pela associação que ele fez para entender como a dança se manifesta:

"Taí um espetáculo para ser visto por Manoel de Barros, pela assimetria dos fatos enunciados na dança, que diz tudo, com seu conceito de despalavras."

Um comentário:

  1. Pouca luz, sem câmeras e muita ação

    Campo Grande – MS, Vila dos Ferroviários, Rua Doutor Ferreira, casa número 169. Uma casa de arquitetura antiga, paredes desgastadas revelam o passar do tempo, janelas feitas em madeira, em perfeita harmonia com os paralelepípedos das ruas. Uma espécie de varanda abriga cadeiras de fio e bancos de madeira. O espaço não é grande, ainda assim um pequeno palco de madeira se mostra, com cortinas atravessadas em três caibros da estrutura do lugar. A casa 169, como chamam, é sede do espetáculo me=morar – o corpo em casa.

    Um público restrito, de dez pessoas, aguarda na pequena varanda. Junto ao folheto do programa do espetáculo, abanos de palha são entregues para que as pessoas amenizem o calor. As pessoas aguardam, a casa está de portas fechadas, um som ruidoso é emitido do interior da casa 169. Em fim as portas se abrem. Só há uma luz acesa no interior da casa. Entramos rumo à luz.

    Mal nos acomodamos no que imagino que seria uma pequena sala, e Luiza vem rapidamente fechar a porta por onde entramos. Começa o espetáculo. Guiados por luzes seguimos pelo interior da casa e deparamo-nos com cenas impactantes, emocionantes e imensamente belas. O espetáculo me=morar traz em seu contexto a história da ferrovia e sua memória, no entanto por serem demasiadamente expressionistas, as cenas possibilitam uma viagem subjetiva e de múltiplas interpretações.

    Cinco belas mulheres e um rapaz mexendo-se incessantemente e, permito-me dizer, sensualmente, revelam movimentos que jamais pensei serem possíveis para o corpo humano. Os corpos em agitação, as respirações ofegantes e a proximidade em que se encontravam causavam um efeito quase que alucinógeno na pequena platéia. Uns se assustavam, outros nem piscavam e outros se mexiam o tempo todo a fim de não perder algo.

    Me=morar é, sobretudo uma experimentação do corpo em harmonia com o espaço físico de modo a potencializar o imaginário inerte, obscuro, esquecido.

    Lucas Junot

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