23 de jul. de 2009

:: pretensão?!?!

Pessoal,
esta matéria fica como estímulo para discussão.
Mais uma pesquisa para colocar fechadas em caixinhas definições identitárias de um processo de formação, criação cultural.
O título da matéria pode ter ajudado a passar essa idéia, que não necessariamente condiz com o desenvolvimento da pesquisa a qual ela se refere, mas puxa..que pretensão, né não??
Aliás, puxando a sardinha para discussões de gênero, homem pantaneiro é um termo MEIO excludente, antropocêntrico no sentido de perceber o mundo sob a ótica masculina mesmo. Mulheres também participam e interagem com o habitat do Pantanal!
E então, tem como haver uma definição do que é o homem pantaneiro?!? Tem como definirmos a identidade de alguém, de algo, de algum local?
Na minha opinião é um campo tão vasto e em tanto movimento, que não vejo a busca de uma identidade como a pergunta correta. Talvez fosse melhor perguntar, como eles interagem com o meio ambiente, quais expressões culturais podem ser vistas e percebidas em determinado local,etc.
Fora que já houve diversas pesquisas antropológicas no Pantanal feita por pesquisadores do estado (como a do antropólogo Álvaro Banducci e da linguista Albana Xavier, por exemplo). Não é nenhuma inovação.
Acho que este é um excerto que podemos levar para as discussões do me=morar, já que a gente vem percebendo uma ligação forte entre memória e "identidade".
Abaixo vou deixar um trecho que li no livro "Culturas híbridas - estratégias para entrar e sair da modernidade" escrito pelo argentino Néstor García Canclini:

"(...) é necessário questionar essa hipótese central do tradicionalismo segundo o qual a identidade cultural se apóia em um patrimônio, constituído através de dois movimentos: a ocupação de um território e a formação de coleções. Ter uma identidade seria, antes de mais nada, ter um país, uma cidade ou um bairro, uma entidade em que tudo o que é compartilhado pelos que habitam esse lugar se tornasse idêntico ou intercambiável. Nesses territórios a identidade é posta em cena, celebrada em festas e dramatizadas também nos rituais cotidianos (...) mais entendidas como construção de um espetáculo que como correspondência realista às relações sociais. >> p.190

4 comentários:

  1. e fica a perguta de Hall, quem precisa de identidade? ou quando Bhabha remete a dicussão do hibrismo cultural...

    fechar é muita pretensão, como um jogo sem negociação, estatico, para alimentar poderes do texto da ordem, da Hegemonia e seus instrumentos escritos...

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  2. me pergunto: quem quer que o Outro tenha identidade? quem escreve pelo Outro? e até que ponto pode escrever?

    prefiro o indeterminado...(lembrando Derrida)

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  3. em 2007 eu passei uma manhã com um pescador. no meio do rio, eu perguntei se o tempo também estava passando mais rápido para ele. ele disse que agora o ano voa, que começa e logo já é maio. aquilo me aproximou mais dele.

    acho importante pra caramba dar voz e dar notícia de como uma comunidade que mora longe e vive um cotidiano bem diferente vê ou é visto pelo mundo. mas achar que existe uma resposta para a sua identidade e que essa resposta é uma só, além de ingênuo é um ato perigoso; uma condenação.

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  4. no sentido dos relatos cotidiano, pergunto à minha sombra (forma de auxilio a caminhada), como podemos construir um diálogo com o Outro,diante do "rosto" deste, na possibilidade êmica de estar ao lado, perguntando calmamente a propria alteridad: onde posso pisar???

    ...

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