"Foi numa dessas noites em que eu estava triste e já estava deitado, e as coisas em que pensava iam se aproximando do sono, quando comecei a sentir a presença das pessoas como móveis que mudassem de posição. Pensei nisso muitas noites. Eram móveis que além de poder estar quietos se moviam; e moviam-se por vontade própria. Eu queria bem aos móveis que estavam quietos, e eles não me exigiam nada; mas os móveis que se moviam não só exigiam que eu gostasse deles e lhes desse um beijo, mas tinham outras exigências piores; e, além do mais, abriam suas portas de repente, e deitavam tudo em cima da gente (...)"
trecho do conto O Cavalo Perdido
do livro O Cavalo Perdido e outras histórias
do escritor uruguaio Felisberto Hernández
editora Cosac Naify
lindo lindo..
ResponderExcluirsensível, simples..
puxa..
acho que percebo minha casa assim às vezes também..(: