7 de nov. de 2009

encontros

Muitas apresentações, muitos questionamentos e interlocutores com quem conversar, mas mesmo assim as discussões não se esgotam.
No primeiro dia a apresentação que mais me chamou a atenção por dua delicadeza e apuro de pesquisa de movimento corporal foi "natureza morta" do grupo A3, do Rio de Janeiro. Conseguiram deshierarquizar o corpo de tal forma, que já os encarava não como humanos, eram seres de outra cultura e outra espécie. Eram plantas e outros tipos de animais, de um jeito orgânico incrível.
No segundo dia, "leia-me" da Ivana Barreto foi sutil, muito interessante pela relação entre a expressão das palavras e do corpo, com projeções que iam diretamente em seu corpo e em uma parede >> interagia com as frases e embalagens que se formavam atrás de si e com jornais no chão.
O cena 11 surpreendeu neste dia com o espetáculo "SIM - ações integradas de consentimento para ocupação e resistência". Um trabalho de testar reações da plateia com estímulos do grupo. Nenhuma palavra. A intuição respondia. Por vezes queria resistir e por vezes me adaptar. E no final veio a surpresa de que estávamos sendo filmados e assistidos por uma plateia que acompanhou o espetáculo em outra sala, pela televisão.
Hoje o que mais me tocou foi o soco súbito da Morena Nascimento, com o espetáculo "Qause ela - três momentos de saudade". Simples, forte, tocante. Ela tem uma presença forte incrível. Comemos até bolo de aipim ouvindo o samba "a flor e o espinho" >> "Tire o seu sorriso do caminho, que eu quero passar com a minha dor (...) Eu só errei quando juntei minh'alma a sua, o sol não pode viver perto da lua". Precisava de tempo pra digerir o soco no estômago, mas veio logo a cervejinha na beira da praia e logo em seguida dois espetáculos do grupo Corpo: Ímã e Breu.
Fiz um repasse rápido do que vivi por aqui nesses três dias.
Muito bom ter a oportunidade de assistir de perto tanta gente boa e interessada em discutir e rediscutir a dança, a realidade, a produção de arte, a vida.
Dentro dessas discussões não dá pra não perceber as relações de poder e, quanto a isso, é fácil entender que Mato Grosso do Sul não tinha voz alguma na contriuição de discussões sobre a dança no Brasil. Não tinha, porque agora aprendemos a botar nosso bedelho em tudo, lógico que tendo o cuidade de interferir na medida do bom senso >> a overdose de espetáculos que chamam a interação da plateia faz isso com as pessoas. Acham que podem interferir, intervir, em tudo. hehe
O discurso da hegemonia caminha pela sensibilidade da arte, pela arte. Dançar é uma escolha política e seu processo de criação é um processo de atuações políticas também. Não necessariamente partidária.
Abaixo está um vídeo feito por uma das produtoras do encontro, de uma participação nossa em uma performance no meio da praça Mauá, às 17h da quinta-feira desta semana. A performance era da Cris Oliveira, paulista de Araraquara, que já dançou alguns anos no Palácio das Artes, em Minas e acaba de voltar de uma residência em Paris (que a Ana descobriu que conhecíamos desde os tempos em que moramos em São Carlos) e a proposta de improviso partiu do Villas, produtor cultural do Sesc Pompéia que, ao perguntar se podia dançar junto e receber um sim da Cris, chamou as corpomantes pra encarar o improviso na praça junto.
O tema é "azul" e a regra é não sair do círculo do chão.

2 comentários:

  1. Anônimo5:47 PM

    Olá...

    Quero dizer que vocês foram eleitas "O Grupo Mais Simpático da Bienal SESC de Dança 2009".

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  2. ebaaaa!!
    foi tudo uma delícia, a gente amou ter participado da Bienal e aproveitamos o máximo possível! a gente amou também toda a equipe do SESC, pessoal disponível, queridos e corajosos, hehe... teve até gente que enfrentou um solão de 40°C com a gente né, Júnior, Nunes & cia? a gnt espera encontrar todo mundo mais e mais vezes!!

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