3 de nov. de 2012

O que é uma residência artística?



Segundo o dicionário, residência, é o nome dado para:  1. Morada habitual num lugar, domicílio; 2. Casa onde se reside, morada; 3. Casa de habitação dada pelo governo, autoridades locais ou corporação, para certos funcionários residirem, enquanto exercerem as sua funções na localidade; 4. Habitação do pároco (consulta feita em http://www.priberam.pt/dlpo/).
Então, falar em residência artística, em primeira instância, significa habitar o lugar onde se desenvolverá o trabalho, em diálogo com os demais contextos e integrantes da residência (artistas locais, artistas visitantes, produtores, coordenadores, técnicos, programadores, curadores, público, funcionários da limpeza, funcionários do hotel, motoristas de taxi, ascensoristas, seguranças, gato, cachorro, galo, etc.) a fim de produzir um trabalho artístico.
Dá pra imaginar, portanto, a complexidade da iniciativa, em função da disponibilidade de cada elo da cadeia além do investimento financeiro necessário para a realização a contento desta proposição.
Imagine então, um projeto encomendado pela FUNARTE a um produtor do Ceará (Paulo/ Quitanda das Artes), para a criação de uma rede que envolvesse países da América Latina (e suas instância governamentais) a fim de proporcionar uma maior integração/circulação da produção das danças desses países, sendo realizada a cada ano em uma cidade brasileira, necessitando do apoio dos governos dos locais onde serão realizados, acontecendo em Porto Alegre, por meio do Governo Federal em convênio com o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, com toda sua complexidade natural (ou melhor, sua problemática de gestão)? Dá pra imaginar?
 Pois é. Caímos aqui, neste contexto, de paraquedas e lidamos com isso, sim, concomitantemente, aos nossos processos criativos. Definitivamente, arte e vida não se separam. Bom, é de se imaginar também que cada um lida com isso de maneira diferente. Uns mais ausentes outros mais presentes. Fiquei então pensando sobre esse posicionamento diante das coisas da arte/vida (isso é política?). E as nossas ausências/presenças. O interessante é que na criação que propus pra Mostra Solos e Duos, de algum jeito, isso se reflete.
Cheguei aqui com as minhas questões que foram “deixadas” de lado em favor de outra história que aconteceu em nossa (com) vivência. Acho que isso foi uma posição presente/ausente de lidar com a situação que ora se apresentava. O binômio (ausência/presença) fica nesse entre, de às vezes estar/afirmar e às vezes sair/deslocar/adaptar. Assim, já tenho material para uma próxima criação, a partir dessa nova consciência/pensamento. Está aí a minha AUS^ENCIA. Então, ao trabalho!!!


Foto Graco Alves
“Do lugar onde estou já fui embora” do Manoel de Barros.

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