Segundo o dicionário, residência, é o nome dado para: 1. Morada habitual num lugar, domicílio; 2. Casa onde se reside,
morada; 3. Casa de habitação dada pelo governo, autoridades locais ou
corporação, para certos funcionários residirem, enquanto exercerem as sua
funções na localidade; 4. Habitação do pároco (consulta feita em http://www.priberam.pt/dlpo/).
Então, falar em residência artística, em primeira
instância, significa habitar o lugar onde se desenvolverá o trabalho, em
diálogo com os demais contextos e integrantes da residência (artistas locais,
artistas visitantes, produtores, coordenadores, técnicos, programadores,
curadores, público, funcionários da limpeza, funcionários do hotel, motoristas
de taxi, ascensoristas, seguranças, gato, cachorro, galo, etc.) a fim de
produzir um trabalho artístico.
Dá pra imaginar, portanto, a
complexidade da iniciativa, em função da disponibilidade de cada elo da cadeia
além do investimento financeiro necessário para a realização a contento desta
proposição.
Imagine então, um projeto
encomendado pela FUNARTE a um produtor do Ceará (Paulo/ Quitanda das Artes),
para a criação de uma rede que envolvesse países da América Latina (e suas
instância governamentais) a fim de proporcionar uma maior integração/circulação
da produção das danças desses países, sendo realizada a cada ano em uma cidade
brasileira, necessitando do apoio dos governos dos locais onde serão
realizados, acontecendo em Porto Alegre, por meio do Governo Federal em
convênio com o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, com toda sua
complexidade natural (ou melhor, sua problemática de gestão)? Dá pra imaginar?
Pois é. Caímos aqui, neste contexto, de
paraquedas e lidamos com isso, sim, concomitantemente, aos nossos processos
criativos. Definitivamente, arte e vida não se separam. Bom, é de se imaginar
também que cada um lida com isso de maneira diferente. Uns mais ausentes outros
mais presentes. Fiquei então pensando sobre esse posicionamento diante das
coisas da arte/vida (isso é política?). E as nossas ausências/presenças. O
interessante é que na criação que propus pra Mostra Solos e Duos, de algum
jeito, isso se reflete.
Cheguei aqui com as minhas
questões que foram “deixadas” de lado em favor de outra história que aconteceu
em nossa (com) vivência. Acho que isso foi uma posição presente/ausente de
lidar com a situação que ora se apresentava. O binômio (ausência/presença) fica
nesse entre, de às vezes estar/afirmar e às vezes sair/deslocar/adaptar. Assim,
já tenho material para uma próxima criação, a partir dessa nova
consciência/pensamento. Está aí a minha AUS^ENCIA. Então, ao trabalho!!!
Foto Graco Alves |
“Do lugar onde estou já fui embora” do Manoel de Barros.
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