Nossa terceira semana foi bem tumultuada em função das demandas da produção para a mostra dos trabalhos que será realizada ao final da residência, em novembro. Até dia 23 de outubro, próxima terça-feira, temos que enviar tudo o que for necessário para a confecção do material de divulgação dessa mostra. Bem, mas a semana começou (11º e 12º dia de residência), e continuamos a trabalhar com os processos criativos, sorteando os criadores, performers e temas de cada pesquisa. Voltei a ser criadora na segunda-feira. Meu tema para a criação foi SABOTAGEM. Segui o seguinte raciocínio: sabotagem é uma palavra, tem um significado/sentido, tem o que ela é e o que ela não é. Parti então para o jogo de palavras e de seus significados. Aproveitei a ideia dos comandos que vivenciei diversas vezes na pesquisa para o Inocência e depois no próprio espetáculo. Gente, não foi fácil não. Acabamos escolhendo palavras para as ações que, no corpo, se relacionavam com outras ações, enfatizando aí a sabotagem. O maior problema foi deixar o corpo das performers aptos a realizarem a ação, mesmo que o significado da palavra fosse outro. Por exemplo, a palavra cair indicava que a pessoa deveria saltar. A palavra sorrir indicava uma queda. E assim por diante. Já na terça, fui sorteada como performer e trabalhamos com a frase SEDUÇÃO COMO PODER. A pesquisa se desenvolveu por meio de um jogo de cena, através de olhares entre os performers que tinham a missão de provocar nos espectadores a curiosidade pela descoberta do segredo do jogo que deveria insistir em permanecer assim.
Fazia parte da estratégia a utilização de objetos pessoais em cena. O público ficava ao nosso redor e não via todos ao mesmo tempo. Ficamos algum tempo nessa experiência que poderia ter demorado horas. Nos dias seguintes, quarta e quinta, trocamos de direção nos trabalhos feitos, também por sorteio. A ideia é que novas proposições pudessem ser acrescentadas às criações já feitas em um exercício de modificação/provocação para o próprio criador original para daí ele definir o que fazer com a própria obra. Me lembrei da Mostra de Processo da Ginga Cia de Dança onde vivenciamos essa interferência com o público para a criação do espetáculo dos 25 anos da Cia. A última prática da semana, foram os feedbacks que fizemos de cada trabalho apresentado. São quatro momentos em que pontuamos os pontos positivos de cada criação (o que funcionou pra mim?) o que precisaria mais (sob a perspectiva de um criador eu precisaria mais..., de um intérprete, do público, etc), palavras chave que cada obra suscita e perguntas para o criador (pode-se também indicar trabalhos referência para o criador). É uma tarefa bem interessante. Temos que observar atentamente a obra porque depois passamos a analisá-la nesse formato que é bem objetivo e nos ajuda e olhar para o que foi feito. Dá trabalho mas funciona.
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