6 de out. de 2009

devastava e fortalecia


Uma frase de crítica da Helena Katz sobre a temporada da Thanztheater Wuppertal no Brasil (parte usada no título do post) me chamou pra escrever a minha vivência de duas semanas atrás.

Semana retrasada uma leva de Campo Grande foi parar em São Paulo e o motivo chamava-se Pina Bausch.
Pela primeira vez ia ver de perto o que era pra mim quase um mito, uma coisa inalcançável, pessoas que só via em vídeos do youtube e ouvia as pessoas falarem (algumas autoridades no assunto dança) sempre com ótimas referências. Uma unanimidade.
Essa foi a palavra que encotrei ao chegar ao teatro Alfa e pensar que em 5 dias o teatro se encheu inteiro de pessoas que a admiravam (cerca de 10.000 pessoas). Unanimidade é algo dificil de alcançar quando se trata de dança contemporânea.
Mas ao começar o Café Muller - acredito que a obra mais divulgada da Cia - não conseguia relaxar e fruir o momento, a minha relação com a obra que acontecia. Ficava atenta ao que ela representava pra mim, as minhas referências anteriores, ao que li das críticas ao seu trabalho..até que eu esqueci! (lembrança da frase de Laban "improvisar é esquecer", citada pela professora Thereza Rocha durante a aula da pós)
A personagem de sapatos vermelhos entrou no palco, em ritmo acelerado e leve e aquilo me despertou pro momento presente.
No intervalo me pousei intacta sobre a cadeira digerindo o que havia presenciado. A segunda apresentação teve sabores ainda da primeira e a confusão de aromas me deixou um pouco indigesta. Foram momentos em que pude sentir o quanto o espectador não é passivo >> criava sentidos a todo momento e eram movimentos vigorosos de buscar um entedimento em conexões com minhas experiências anteriores.
Ainda estou digerindo e dançando (nos ensaios) tudo o que vivi naquelas 3h.
Abaixo vai a frase retirada de crítica da Helena Katz sobre a temporada da Cia no Brasil:

"Esse vento chamado Pina Bausch mudou a paisagem do mundo com uma dança que demonstrava que as histórias individuais são sempre compartilhadas. (...)
A brutalidade do estancamento de sua sabedoria nos deixa órfãos de uma leitura de mundo que nos devastava e, ao mesmo tempo, nos fortalecia. Precisamos agora aprender a viver com essa tristeza para, mais adiante, descobrir o que poderá dela brotar."

O texto na íntegra vocês podem acessar por aqui.

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