19 de set. de 2009

a noiva e o cadáver


"Uma noiva!", ouvi a Julia dizer. Estava de costas e por segundos tentei conectar o que disse com o que estávamos conversando. Até então não havia feito sentido.
Sim, havia uma noiva e um noivo de verdade no interior das ruínas.
"Queremos fazer uma coisa diferente. Esse lugar é lindo", explicou o fotógrafo que já migrou por lugares inesperados com os personagens do teatro cotidiano.
"Eu já estava com dó de vocês pensando: gente, tão novinhos e fumando maconha a essa hora do dia!", disse uma das produtoras da sessão fotográfica se relacionando ao grupo de meninas e menino que conversavam em roda, sentados na grama (nós!).

A minha reflexão do dia caminhou por: "Como as pessoas fazem o lugar e como o lugar faz a pessoa!" (no sentido de atribuir significado praquilo). Enquanto havia gente trabalhando por lá aquele lugar fazia um sentido e agora que está abandonado, que não lhe é atribuída nenhuma função específica, ele possui outro. As pessoas que o frequentam são outras e são vistas já com um sentido peculiar agregado, fruto do imaginário e do que já viu/ouviu acontecer por lá.
Nas paredes recados de pessoas buscando um sentido, colocando indignações, prazeres, violência, elocubrações químicas, desenhos de caveiras, duendes, frases que buscam um deus.
Upa..
Se não tem função, não existe?
Seria um não-lugar?
Seríamos não-pessoas?
Seria um lugar cadáver?

O que a gente não gostaria de lembrar?? Deixar abandonado em nossa história? E o que poderíamos revisitar com outro sentido em nossas ruínas da imaginação?

Vendo a foto acima, com seis pilares à mostra, me lembrei da aula incrível de hoje, da pós-graduação em dança (UCDB), dada pela professora Tereza Rocha. Metaforizando a tradição na arte a um edifício sustentado por seis pilares fomos, aos poucos, dando nome a essas bases: Belo; Narratividade; Figuração; Expressividade; Espacialidade hierarquizada; e Verossimilhança. E a pedra fundamental disso tudo estaria na Representação.
Daí vem a parte de decepção ou dificuldade de entendimento desta arte por parte do público. A arte contemporânea não se prende a esses pilares de sustentação e subverte qualquer expectativa que o público tenha em cima desses tópicos. Subverte entedimentos.
Será que queremos (coletivo / me=morar) ser entendidos ou inventar novas formas de entender?? (ou existe mais outras opções?)
Este foi um passo para mais questionamentos e entendimentos sobre o que raios é e envolve a dança contemporânea.
Pé na tábua rumo ao espetáculo!

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