30 de mar. de 2009

:: Entrevista com Ferreira Gullar na Bravo!

Na Bravo! deste mês que se foi, li uma boa entrevista de Armando Antenore com Ferreira Gullar. O poeta fala sobre muitas coisas: engajamento político, Deus, Lula, crise mundial... mas principalmente sobre poesia, suas estruturas, seus processos de criação. Vou colar um pedaço da entrevista que me pareceu demais de coerente e no fim das contas, fala de corpo.

Conclui-se, então, que o poema também almeja dar significado à vida.

O poema nasce do espanto, e o espanto decorre do incompreensível. Vou contar uma história: um dia, estava vendo televisão e o telefone tocou. Mal me ergui para atendê-lo, o fêmur de uma das minhas pernas bateu no osso da bacia. Algo do tipo já acontecera antes? Com certeza. Entretanto, naquela ocasião, o atrito dos ossos me espantou. Uma ocorrência explicável de súbito ganhou contornos inexplicáveis. Quer dizer que sou osso?, refleti, surpreso. Eu sou osso? Osso pergunta? A parte que em mim pergunta é igualmente osso? Na tentativa de elucidar os questionamentos despertados pelo espanto, eclode um poema. Entende agora por que demoro 10, 12 anos para lançar um novo livro de poesia? Porque preciso do espanto. Não determino o instante de escrever: "Hoje vou sentar e redigir um poema". A poesia está além de minha vontade. Por isso, quando me indagam se sou Ferreira Gullar, respondo: "Às vezes".

Quem quiser ler por inteiro, a entrevista está disponivel em:

http://bravonline.abril.com.br/conteudo/literatura/poesia-surge-espanto-424674.shtml

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